quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Os anos que nós (não) temos.

Pedem-me o tempo, pedem-me a vida. Pedem-me as histórias, pedem-me as palavras. Pedem-me tudo.

Quando tudo começou, eu era apenas uma criança. E que criança! Aos cinco, pediram-me para ter dezoito. Aos cinco, roubaram-me o chão e mandaram-me aprender. Para muitos isso acontece aos seis. A mim foi aos cinco.
Aos nove voltaram-me a pedir para ter dezoito. Nem foi preciso tanto. Aos catorze, aí sim. Pediram-me para ter quarenta, quiçá cinquenta.
Não continuemos sem relembrar que aos doze me pediram para ser velho e enfrentar a morte que, ao meu lado, me cumprimentou.
Aos dezoito, pediram-me para ter muitos mais. Entregaram-me ao mundo. Eu não fui ter com ele.

Muitas vezes pedem-nos para ser grandes. Antes custava mais. Agora? Agora é fácil! Agora, os 5 anos continuam lá, nos momentos de brincadeira. Os cinquenta precisam-me em cada difícil decisão. Os noventa, esses, muitas vezes sinónimos de sabedoria, são constantes.
E eu cá estou. Com vinte e dois anos feitos, vinte e dois para o mundo.
Os outros anos, esses, são apenas um baloiço. Amanhã lá estarei eu à espera do que há-de vir.

2 comentários:

  1. Pedem-nos para ser grandes esquecendo-se que a altura nada é mais que uma medida física e a idade a distancia do nosso nascimento à realidade. E balançamos não por nossa própria vontade mas porque vamos com o vento e seguimos hoje tal como ontem e provavelmente amanha, sempre sem idade estática vamo-nos alterando entre momentos e diferentes situações. Às vezes somos crianças e temos cinco anos, outras vezes temos 12 e fazemos crise de adolescente e como estas muitas outras...

    ResponderEliminar

deixa tu também letras soltas no caminho