sexta-feira, 8 de julho de 2011

As aranhas.

Sabes ? As aranhas não são assim tão feias e gordas e peludas e más como tu as fazes parecer. Um dia pedi a uma para estender um fio de teia a unir duas flores ali do jardim. Um fio. Um baloiço. Vem e de mão dada vieste agarrada como quem já não espera nada. Pois não, não querias nada de mim, tinhas-me como adorado. Senti-te tremer quando ainda nem nos tínhamos baloiçado e já tu com medo olhavas para a pequenina aranha nossa amiga que sentada estava no cimo de uma pequena tulipa lá ao longe. Nunca te pedi para confiares em mim, confia agora e lá vieste debaixo do meu braço, agarrada. Pequenina escanzelada.

Ela não faz mal, queres ver? e eu como te conheço os gostos e encolhidos que estávamos entre as duas flores e sentados num fio de teia, lá peguei num pequenino pau que estava no chão, parecia um daqueles que costumam segurar as maçãs. E olhei para a pequena aranha. Ela sorriu. Já sabia o que eu queria. Entre fios e fios e doces e doces que a mesma tinha comido, enrolando à volta do pau, ofereci-te um algodão doce. Gulosa.

Apetecia-me fazer magia. Sou apenas um aprendiz mas já dou uns toques sabes? Sim, tu percebeste isso quando te tirei uma moeda do ouvido, cócegas na orelhinha, e quando ias acreditando que também te tinha roubado o nariz. Quem te dera! Que te tirassem esse nariz feioso que tu tens e trocassem por outro.

Mas não vamos parar por aqui, sabes que sempre gostei de tocar e cantar. É óbvio que não te ia deixar os olhos sem brilho. Comecei a aprender na segunda feira. Elton John - Your song. E eu gosto tanto de te ver sorrir. Não me chega. Tu mereces tudo. Foi por isso que em dia de pequeninos, encolhi este malmequer e roubei uma estrela lá em cima para o pôr brilhante. Cheira bem não cheira? Mas não encostes o nariz. Queima. Brrrr


Não te chega. E tu não sabes dar valor. Empurras-me do fio de teia à espera que eu me esparramasse no chão de terra. O problema, é que embora eu nutrisse este sentimento por ti, já sabia do que esperar. A pequenina aranha não se foi embora porque só ela me podia salvar de uma coisa destas. É campeã de tiro ao alvo! E lança-me outro fio, puxando-me para ao pé dela. Olha-te com desdém.

As aranhas são nossas amigas.

3 comentários:

deixa tu também letras soltas no caminho